RENASCENDO
Ceres Marylise
Renasce em mim a vida lentamente,
e chega assim, de forma dadivosa,
a me ver caminhando novamente,
à luz desta cidade tão formosa.
Sinto outra vez o corpo povoar-se
de sensações há muito já vividas,
enquanto a noite avança solitária,
carregada de silêncio, adormecida.
O destino já não é uma desculpa,
senão a solidão em calmas águas
que me lembra um pesadelo triste,
soluçado no vazio das madrugadas.
Esta cidade é íntima e obscena,
me acaricia inteira e longamente,
me surpreende e tanto me provoca
a pele, o coração, as cicatrizes.
Volto meus olhos às cúpulas perdidas,
às lembranças que vejo em toda parte,
que recolheram um dia meus abraços,
hoje, marcas da lida em meu desgaste.